segunda-feira, 31 de julho de 2017

31 de julho – PAF a doença dos pezinhos que veio com Pedro Alvares Cabral e ninguém conhece ainda

   
Póvoa de Varzim, a capital mundial da PAF
Em abril de 1500, quando a frota comandada por Pedro Álvares Cabral desembarcou no território batizado de Vera Cruz, trouxe uma doença que se instalaria no continente e continuaria a fazer vítimas silenciosamente, se que ninguém soubesse: a Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF).
    Trata-se de uma doença hereditária rara e degenerativa que causa mutação na proteína transtirretina (TTR), produzida principalmente pelo fígado e responsável pelo transporte de vitamina A e hormônios da tireoide. Nos portadores da PAF, a TTR fica instável e passa a se aglomerar em outros órgãos do corpo, além daqueles para os quais ela foi feita, afetando a sensibilidade da pele e causando dores crônicas, atrofia muscular e perda de movimentos.
    Também conhecida como a “doença dos pezinhos”, a PAF é uma doença neurológica que afeta o “sistema nervoso periférico” que é responsável pela transmissão dos estímulos recebidos pelo corpo e pelas respostas a estes estímulos. E também o “sistema autônomo”, que é a parte do sistema nervoso que está relacionado ao controle da vida vegetativa, ou seja, controla funções como a respiração, circulação do sangue, controle de temperatura e digestão.
    A doença começa com um formigamento nos pés, sobe pelas pernas, afeta os braços, e a partir daí começa a provocar uma série de problemas pelo corpo, como perda de peso sem motivo aparente, dificuldade na digestão, diarreia, disfunção sexual, tonturas ou desmaios causados por alterações na pressão arterial e chega aos músculos do coração, causando mudanças no batimento cardíaco, falta de ar, dor no peito. O processo todo, entre o contágio e a morte, caso a doença não seja diagnosticada e tratada, dura cerca de 10 anos.
    O diagnóstico precoce ainda é a melhor de se evitar as complicações da doença. A PAF é detectada por meio de teste genético, que analisam o material do sangue ou células de mucosas, biópsia de tecidos dos órgãos comprometidos ou exames neurológicos. Para tratar os médicos usam remédios que fazem a estabilização e inibição da produção das proteínas mutantes, evitam a formação de depósitos de fibras amiloides e podem diminuir a progressão da doença.

SAIBA MAIS
   Estudos indicam que essa doença tenha se originado numa vila portuguesa chamada Póvoa do Varzim, em meados do século XIV e se espalhou pelo mundo à medida que os portugueses avançaram em suas esquadras para outros continentes. Nesta carona a PAF chegou ao Brasil e atravessou os séculos, fazendo vítimas silenciosamente. Hoje estima-se que haja 5 mil pessoas com com a PAF no País. A maioria sofre, sem sequer saber que tem a doença.

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