segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

29 de janeiro – Dia Nacional da Visibilidade Trans

     O Brasil comemora nesta segunda-feira (29) o Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais. A data é simbólica e marca a luta pelos direitos humanos e respeito à identidade de gênero e a busca do direito à vida sem preconceito e discriminação. E você pode se perguntar, onde o Conteúdo Médico, que é um site de notícias e serviços relacionados à saúde, entra.
     A questão é que a atenção à saúde de transexuais e travestis é recente e ainda precária no Brasil. Até 1997, por exemplo, a cirurgia de redesignação sexual (adequação dos genitais ao gênero com o qual a pessoa se identifica) era proibida no país. E a oferta do processo transexualizador — que inclui atendimento psicológico, hormonioterapia e cirurgias — pelo SUS só começou em 2008. E vem se expandindo de forma muito lenta para a demanda existente.
     Embora não haja levantamentos precisos sobre quantos transexuais existem no Brasil, estudos publicados pela revista especializada The Lancet, apontam que entre 0,4% e 1,3% das pessoas com mais de 15 anos não se identifica com seu sexo biológico, o que permite estimar em pelo menos 25 milhões o total de trans no mundo. Utilizando esses índices para a população brasileira, é possível afirmar que há cerca de 2,4 milhões de pessoas com algum tipo de desvio sexual, que precisa de atendimento de saúde especifico.  
     E para toda essa população só existem ambulatórios especializados em 11 cidades. Já as instituições habilitadas pelo Ministério da Saúde para realizar a cirurgia de adequação sexual são quatro, localizadas em Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Os dados mais recentes do governo federal mostram que, entre 2008 e 2014, apenas 243 procedimentos cirúrgicos foram realizados.
     Diante desse quadro, e aliado ao alto custo do serviço na rede particular (um processo completo custa cerca de R$ 40 mil), o resultado em um grande número de pessoas transgêneros que usam hormônios e fazem procedimentos médicos como implantes de silicone sem acompanhamento médico, colocando suas vidas em risco. E esse risco de vida não acontece apenas por causa dos procedimentos clandestinos, mas também por conta da depressão que a sensação de abandono causa.
A discriminação, a violência e a incompreensão tornam as pessoas transgêneras um dos grupos mais vulneráveis ao suicídio no mundo. A revista The Lancet, aponta-se que os índices de depressão entre transexuais chegam a 60% em alguns países, sendo que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), essa taxa gira em torno de 5% na população em geral. Outro estudo, publicado pela revista especializada LGBT Health, indicou que 42% dos respondentes da Pesquisa Nacional de Discriminação de Transgêneros, nos Estados Unidos, relataram ao menos uma tentativa de se matar.
    Números assim chamam a atenção para a importância de políticas públicas voltadas para a população trans. Análise da Universidade de Houston, publicada na revista Psychology of Sexual Orientation and Gender Diversity, constatou alguns fatores que reduzem consideravelmente o risco de suicídio nesse grupo, com destaque para o apoio de amigos, familiares e profissionais de saúde e a possibilidade de fazer a transição e viver de acordo com a identidade de gênero.
    O dia, portanto, não é de comemoração, mas de conscientização de que a capacidade de compreensão e o respeito ao outro, é que nos torna humanos.


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