sexta-feira, 30 de março de 2018

Gonorreia resistente a antibióticos provoca alerta mundial

    Uma doença sexualmente transmissível (DST) que parecia controlada, ressurge agora como uma ameaça mundial à saúde pública: a gonorreia. O alerta foi feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a partir de um caso registrado no Reino Unido. Um inglês se contagiou com a "superbactéria" da gonorreia no início do ano quando manteve relações com uma mulher no sudeste da Ásia. Essa nova superbactéria pode matar uma pessoa em questão de dias, alertam os especialistas.
    Segundo a OMS, o tratamento tradicional contra a doença - uma combinação de azitromicina e ceftriaxona – não deu resultados. Testes realizados com o homem mostraram que apenas um tipo de antibiótico é capaz de curá-lo, mas ainda é preciso aguardar algumas semanas para saber se o remédio realmente terá o efeito esperado. Enquanto isso, funcionários do serviço de saúde pública britânico estão tentando rastrear pessoas que tiveram relações sexuais com o paciente para conter a possível propagação da doença.
    A OMS alertou que a gonorreia está atualmente muito mais difícil de tratar, porque a infecção sexualmente transmitida está rapidamente desenvolvendo resistência a antibióticos, além disso, as pessoas têm, cada vez mais, praticado sexo sem camisinha. Sem a proteção, essa doença pode infectar os órgãos genitais, o reto (em casos de sexo anal) e a garganta (sexo oral). E a forma que mais preocupa agentes de saúde a gonorreia na garganta porque aumentam as chances de o micro-organismo desenvolver resistência a antibióticos, já que estes medicamentos são frequentemente administrados em menor dosagem para tratar infecções nesta área do corpo repleta de bactérias.
    Se você leu até aqui e pensou: “ah... isso é coisa lá do outro lado do mundo”, saiba que no Brasil há mais de 1,5 milhões de pessoas com gonorreia. No mundo a bactéria causadora da gonorreia afeta 78 milhões de pessoas todos os anos e está se tornando cada vez mais resistente a antibióticos. Dados de 77 países mostram que em todos eles já foram detectadas cepas sobre as quais os remédios não têm mais ação.
    No Brasil, de 6% a 30% das variantes bacterianas não respondem ao ciprofloxacino, uma das únicas três drogas existentes contra a enfermidade. Não há dados nacionais sobre a azitromicina, e menos de 0,1% das estirpes resistem à cefalosporina de amplo espectro, a única ainda eficaz contra a gonorreia em muitas regiões do mundo. Em 26 países, esse percentual já ultrapassa os 5%, o que se configura uma situação de risco, segundo a OMS. Independentemente do nível de desenvolvimento econômico, todas as nações investigadas são afetadas de algum modo.

SAIBA MAIS
    A gonorreia é uma doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Neisseria gonorrhea que você pega fazendo sexo sem preservativo. Os sintomas podem incluir uma secreção verde ou amarela a partir dos órgãos sexuais, dor ao urinar e sangramentos esporádicos. Infecções não tratadas podem levar a infertilidade, doença inflamatória pélvica e podem ser transmitidas para o bebê durante a gravidez.
   Entre os infectados, uma média de um a cada dez homens heterossexuais e de três em quatros mulheres e homens homossexuais não apresentam sintomas facilmente reconhecíveis.
   Não é a primeira vez que um tipo de gonorreia resistente a medicamentos causa comoção na comunidade médica.
    A    gonorreia pode ser prevenida pelo comportamento sexual seguro, particularmente com o uso de preservativos.

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