Uma doença
sexualmente transmissível (DST) que parecia controlada,
ressurge agora como uma ameaça mundial à saúde pública: a gonorreia. O alerta
foi feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a partir de um caso
registrado no Reino Unido. Um inglês se contagiou com a
"superbactéria" da gonorreia no início do ano quando manteve relações
com uma mulher no sudeste da Ásia. Essa nova superbactéria pode matar uma pessoa em questão de dias, alertam os especialistas.
Segundo a
OMS, o tratamento tradicional contra a doença - uma combinação de azitromicina
e ceftriaxona – não deu resultados. Testes realizados com o homem mostraram que
apenas um tipo de antibiótico é capaz de curá-lo, mas ainda é preciso aguardar
algumas semanas para saber se o remédio realmente terá o efeito esperado.
Enquanto isso, funcionários do serviço de saúde pública britânico estão
tentando rastrear pessoas que tiveram relações sexuais com o paciente para
conter a possível propagação da doença.
A OMS alertou
que a gonorreia está atualmente muito mais difícil de tratar, porque a infecção
sexualmente transmitida está rapidamente desenvolvendo resistência a
antibióticos, além disso, as pessoas têm, cada vez mais, praticado sexo sem
camisinha. Sem a proteção, essa doença pode infectar os órgãos genitais, o reto
(em casos de sexo anal) e a garganta (sexo oral). E a forma que mais preocupa
agentes de saúde a gonorreia na garganta porque aumentam as chances de o
micro-organismo desenvolver resistência a antibióticos, já que estes
medicamentos são frequentemente administrados em menor dosagem para tratar
infecções nesta área do corpo repleta de bactérias.
Se você leu
até aqui e pensou: “ah... isso é coisa lá do outro lado do mundo”, saiba que no
Brasil há mais de 1,5 milhões de pessoas com gonorreia. No mundo a bactéria
causadora da gonorreia afeta 78 milhões de pessoas todos os anos e está se
tornando cada vez mais resistente a antibióticos. Dados de 77 países mostram
que em todos eles já foram detectadas cepas sobre as quais os remédios não têm
mais ação.
No Brasil,
de 6% a 30% das variantes bacterianas não respondem ao ciprofloxacino, uma das
únicas três drogas existentes contra a enfermidade. Não há dados nacionais
sobre a azitromicina, e menos de 0,1% das estirpes resistem à cefalosporina de
amplo espectro, a única ainda eficaz contra a gonorreia em muitas regiões do
mundo. Em 26 países, esse percentual já ultrapassa os 5%, o que se configura
uma situação de risco, segundo a OMS. Independentemente do nível de
desenvolvimento econômico, todas as nações investigadas são afetadas de algum
modo.
SAIBA MAIS
A gonorreia
é uma doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Neisseria
gonorrhea que você pega fazendo sexo sem preservativo. Os sintomas podem incluir uma secreção verde ou amarela a partir
dos órgãos sexuais, dor ao urinar e sangramentos esporádicos. Infecções não
tratadas podem levar a infertilidade, doença inflamatória pélvica e podem ser
transmitidas para o bebê durante a gravidez.
Entre os
infectados, uma média de um a cada dez homens heterossexuais e de três em
quatros mulheres e homens homossexuais não apresentam sintomas facilmente
reconhecíveis.
Não é a
primeira vez que um tipo de gonorreia resistente a medicamentos causa comoção
na comunidade médica.
A gonorreia
pode ser prevenida pelo comportamento sexual seguro, particularmente com o uso
de preservativos.
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