quinta-feira, 19 de abril de 2018

Remédios indígenas nos curam há séculos


    O médico Hipócrates, pai da medicina, já receitava chá com a casca e folhas da planta  artemisia por reconhecer seus efeitos antifebris. Os índios americanos utilizavam a mesma planta para coirtar a febre e também para reumatismo, calafrios e dores musculares. Aqui no Brasil, os índios kaingángs  de Santa Catarina deram a ela essa planta o nome de novalgina. A  ciência do homem branco isolou o ácido salicílico, aprendeu a sintetizá-lo e transformou a droga no analgésico mais popular do mundo: a aspirina.


    Outro exemplo é a toxina d-tubocurarina, extraída do curare, veneno que os índios colocam na ponta das flechas para imobilizar caças. Ela virou relaxante muscular, usado por anestesistas durante cirurgias, principalmente para controlar convulsões. Já o jaborandi, árvore típica das regiões Norte e Nordeste, oferece os colírios de pilocarpina, que os índios usam há séculos para estimular a produção de suor. Por muito tempo, os médicos brasileiros (e alguns europeus) indicaram o remédio com o mesmo objetivo. Mais tarde, a ciência descobriu um efeito mais poderoso da pilocarpina: ela também funciona no tratamento de glaucoma. Já remédios químicos que tratam arritmia e insuficiência cardíaca devem sua vida a uma planta ornamental de flores em forma de sininhos, a dedaleira. O chá dessa planta era feito pelos índios nativos dos Estados Unidos para um distúrbio na circulação do sangue que causa insuficiência do coração.
    A lista é longa e se estende a outros continentes. Pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia tentam aproveitar os conhecimentos das parteiras africanas. Elas usam o chá de uma erva de flores violetas, a Oldenlandia affinis, para aumentar as contrações uterinas. E dá certo. Não à toa, os cientistas estudam modos de viabilizar a produção de remédios com kalata B1, composto proteico da planta.
    O próximo passo é encontrar na natureza possibilidades de cura para o câncer. Pesquisadores da Unicamp isolaram e sintetizaram componentes do óleo da copaíba, aquela dos poderes cicatrizantes citada no começo da reportagem. Deixaram os compostos em contato com células cancerígenas de vários tipos (ovário, próstata, rins, cólon, pulmão, mama, melanoma e leucemia).

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