terça-feira, 11 de julho de 2017

11 de julho – Vamos falar da Discalculia

     A discalculia (do grego dýs+calculare, dificuldade ao calcular) é uma desordem neurológica específica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipular números, um transtorno do neurodesenvolvimento com origem genética. Trata-se de uma má formação neurológica, que provoca uma dificuldade no aprendizado dos números, uma enfermidade análoga à dislexia, mas que afeta apenas a capacidade de operações com a matemática. Essa dificuldade de aprendizagem não é causada por deficiência mental, má escolarização, déficits visuais ou auditivos, e não tem nenhuma ligação com níveis de QI e inteligência.
     Neurologistas, pedagogos e psicólogos dizem que crianças portadoras de discalculia são incapazes de identificar sinais matemáticos, montar operações, classificar números, entender princípios de medida, seguir sequências, compreender conceitos matemáticos, relacionar o valor de moedas entre outros. Os primeiros sintomas da discalculia costumam aparecer por volta dos seis/sete anos de idade, período no qual a criança começa a trabalhar com a matemática e a abstração numérica na escola.
      Para que se consiga diagnosticar a discalculia é imprescindível observar a trajetória de aprendizagem da criança, principalmente quando apresentada aos símbolos matemáticos.  Um discalculista é incapaz de operar com quantidades numéricas, não reconhece os sinais das operações, tem dificuldade na leitura de números e não consegue localizar espacialmente a multiplicação e a divisão. Caso esse transtorno não seja reconhecido a tempo, pode comprometer o desenvolvimento escolar da criança, que com medo de enfrentar novas experiências de aprendizagem adota comportamentos inadequados, tornando-se agressiva, apática ou desinteressada.
     Antes do diagnóstico de um psicopedagogo, o professor é o primeiro professional que pode ajudar a identificar esse transtorno. Para que uma criança seja diagnosticada com discalculia do desenvolvimento, é necessário comprovar que sua dificuldade no aprendizado da matemática não nasce de uma deficiência intelectual - que comprometeria outras áreas do conhecimento - ou de problemas afetivos. Também deve ser descartada a hipótese de que condições sociais concretas - como um ambiente de vulnerabilidade em casa ou na escola - bastariam para explicar o transtorno.
     Estudos mostram que cerca de 6% da população mundial sofre de discalculia do desenvolvimento. A incidência é praticamente a mesma da dislexia, problema análogo - bem mais famoso - relacionado à leitura e à escrita. Por ser um transtorno  psico-neurológico, de ordem congênita, seus sintomas, apesar de contornáveis, serão sempre uma  constante. O tratamento, portanto, terá a característica de um treinamento que visa amenizar os sintomas, corrigir os fatores contribuintes e resgatar a autoestima do paciente para que este tenha uma melhor qualidade de vida e autonomia para elaborar estratégias que viabilizem seu sucesso em tarefas que, outrora, lhe eram praticamente impossíveis de realizar.

SAIBA MAIS
     O termo “discalculia do desenvolvimento” foi apresentado pelo psicólogo Ladislav Kosc, em 1974. Ele descreveu seis tipos de discalculia: Discalculia léxica: dificuldade na leitura de símbolos matemáticos; Discalculia verbal: dificuldades em nomear quantidades matemáticas, números, termos e símbolos; Discalculia gráfica: dificuldade na escrita de símbolos matemáticos; Discalculia operacional: dificuldade na execução de operações e cálculos numéricos; Discalculia practognóstica: dificuldade na enumeração, manipulação e comparação de objetos reais ou em imagens; e a Discalculia ideognóstica: dificuldades nas operações mentais e no entendimento de conceitos matemáticos.


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