quinta-feira, 22 de junho de 2017

22 de junho – Epilepsia – A doença de Machado de Assis



      Neste 22 de junho, o Portal dos Médicos lembra de uma das figuras mais importantes e emblemáticas da literatura brasileira: Machado de Assis. E aproveita para falar da doença que o afligiu durante toda a vida e que ainda hoje é motivo de discriminação e preconceito: a epilepsia. Como se não bastasse ser negro, pobre, descendente de escravos e órfão de mãe, Machado de Assis ainda teve de enfrentar essa doença que revelou a poucas pessoas e, em seus livros, cita apenas em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.
     A citação, na verdade, aparece apenas na primeira impressão do livro, onde ele diz, ao falar do sofrimento de uma personagem cujo amante morre: "Não digo que se carpisse; não digo que se deixasse rolar pelo chão, epiléptica...". Nas edições posteriores Machado de Assis mostra que tinha vergonha da doença e preferia nem se referi a ela e mudou a frase para: "Não digo que se carpisse, não digo que se deixasse rolar pelo chão, convulsa...".
     Essa “vergonha” de Machado de Assis ainda hoje afeta cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo. Trata-se de uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro. Em outras palavras uma lesão no cérebro, que pode ser em consequência de uma forte pancada na cabeça, uma infecção (meningite, por exemplo), neurocisticercose ("ovos de solitária" no cérebro), abuso de bebidas alcoólicas, de drogas etc. e até algo que ocorreu antes ou durante o parto. Muitas vezes não é possível conhecer as causas que deram origem à epilepsia.
     A epilepsia provoca uma convulsão, a pessoa perde os sentidos, perde o controle do corpo, pode cair ao chão, apresentar contrações musculares em todo o corpo, morder a língua, ter salivação intensa, respiração ofegante e, às vezes, até urinar. A pessoa fica com o olhar fixo, perde contato com o meio por alguns segundos. Por ser de curtíssima duração, muitas vezes não é percebida pelos familiares e/ou professores. Há ainda um tipo de crise que acontece como se a pessoas estivesse "alerta", mas não tem controle de seus atos, fazendo movimentos automáticos involuntários, mastigando, falando de modo incompreensível ou andando sem direção definida. Em geral, a pessoa não se recorda do que aconteceu quando a crise termina.
     O tratamento das epilepsias é feito com medicamentos que evitam as descargas elétricas cerebrais anormais, que são a origem das crises epilépticas. Acredita-se que pelo menos 25% dos pacientes com epilepsia no Brasil são portadores em estágios mais graves, ou seja, com necessidade do uso de medicamentos por toda a vida, sendo as crises frequentemente incontroláveis e então candidatos a intervenção cirúrgica.

SAIBA MAIS
      Como proceder durante as crises: coloque a pessoa deitada de costas, em lugar confortável, retirando de perto objetos com que ela possa se machucar, como pulseiras, relógios, óculos, introduza um pedaço de pano ou um lenço entre os dentes para evitar mordidas na língua, levante o queixo para facilitar a passagem de ar, afrouxe as roupas, caso a pessoa esteja babando, mantenha-a deitada com a cabeça voltada para o lado, evitando que ela se sufoque com a própria saliva. Quando a crise passar, deixe a pessoa descansar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário