Neste 22 de junho, o Portal
dos Médicos lembra de uma das figuras mais importantes e emblemáticas da
literatura brasileira: Machado de Assis. E aproveita para falar da doença que o
afligiu durante toda a vida e que ainda hoje é motivo de discriminação e
preconceito: a epilepsia. Como se não bastasse ser negro, pobre, descendente de
escravos e órfão de mãe, Machado de Assis ainda teve de enfrentar essa doença que
revelou a poucas pessoas e, em seus livros, cita apenas em “Memórias Póstumas
de Brás Cubas”.
A citação, na verdade, aparece apenas na primeira impressão
do livro, onde ele diz, ao falar do sofrimento de uma personagem cujo amante
morre: "Não digo que se carpisse; não digo que se deixasse rolar pelo
chão, epiléptica...". Nas edições posteriores Machado de Assis mostra que
tinha vergonha da doença e preferia nem se referi a ela e mudou a frase para:
"Não digo que se carpisse, não digo que se deixasse rolar pelo chão,
convulsa...".
Essa “vergonha” de Machado de Assis ainda hoje afeta cerca
de 50 milhões de pessoas em todo o mundo. Trata-se de uma alteração temporária
e reversível do funcionamento do cérebro. Em outras palavras uma lesão no
cérebro, que pode ser em consequência de uma forte pancada na cabeça, uma
infecção (meningite, por exemplo), neurocisticercose ("ovos de
solitária" no cérebro), abuso de bebidas alcoólicas, de drogas etc. e até algo
que ocorreu antes ou durante o parto. Muitas vezes não é possível conhecer as
causas que deram origem à epilepsia.
A epilepsia provoca uma convulsão, a pessoa perde os
sentidos, perde o controle do corpo, pode cair ao chão, apresentar contrações
musculares em todo o corpo, morder a língua, ter salivação intensa, respiração
ofegante e, às vezes, até urinar. A pessoa fica com o olhar fixo, perde contato
com o meio por alguns segundos. Por ser de curtíssima duração, muitas vezes não
é percebida pelos familiares e/ou professores. Há ainda um tipo de crise que acontece
como se a pessoas estivesse "alerta", mas não tem controle de seus
atos, fazendo movimentos automáticos involuntários, mastigando, falando de modo
incompreensível ou andando sem direção definida. Em geral, a pessoa não se
recorda do que aconteceu quando a crise termina.
O tratamento das epilepsias é feito com medicamentos que
evitam as descargas elétricas cerebrais anormais, que são a origem das crises
epilépticas. Acredita-se que pelo menos 25% dos pacientes com epilepsia no
Brasil são portadores em estágios mais graves, ou seja, com necessidade do uso
de medicamentos por toda a vida, sendo as crises frequentemente incontroláveis
e então candidatos a intervenção cirúrgica.
SAIBA MAIS
Como proceder durante as crises: coloque a pessoa deitada de
costas, em lugar confortável, retirando de perto objetos com que ela possa se
machucar, como pulseiras, relógios, óculos, introduza um pedaço de pano ou um
lenço entre os dentes para evitar mordidas na língua, levante o queixo para
facilitar a passagem de ar, afrouxe as roupas, caso a pessoa esteja babando,
mantenha-a deitada com a cabeça voltada para o lado, evitando que ela se
sufoque com a própria saliva. Quando a crise passar, deixe a pessoa descansar.
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